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Workshop com Nei Bernardes

A fotografia fora da zona de conforto

Há alguns dias atrás, participei de um Workshop de fotografia com Nei Bernardes e sua família-equipe, com o tema “A fotografia fora da zona de conforto”.

Passado o cansaço das intensas e extensas horas do Workshop (oficialmente 15 horas, na prática foram quase 30!) e da viagem até Rolante – RS com 2 noites quase não dormidas, consegui que parte das emoções e impressões passassem pelo meu “intestino emocional” e que fossem digeridas ao ponto de poder escrever algo.

Mais uma vez fui sem grandes expectativas, conhecia um pouco do trabalho do Nei Bernardes, curtia muito suas fotos de ensaios e Trash the Dress, tinha algumas recomendações de amigos e pronto!

Apresentação:

 

Nei nos contou, em meio a muitas cuias de chimarrão rodadas, de forma muito simples e viva, toda sua trajetória que percorreu para sair da “vida comum de cidade do interior”, quebrando muitos paradigmas e saindo várias vezes de sua zona de conforto para chegar onde está hoje e onde quer estar amanhã.

Ele nos abriu os conceitos que utiliza em sua busca para “fotos perfeitas” (todo mundo sabe que isso não existe, mas é o que todos nós fotógrafos buscamos avidamente). Mostrou sua persistência para repetir incansavelmente até chegar no resultado esperado, sua paciência para esperar pelo melhor momento, seu perfeccionismo observando os mínimos detalhes de cada situação e seu relacionamento com a pessoa que está sendo fotografada, o qual é feito com muita sensibilidade, alegria e disposição.

Uma surpresa para o curso foi a presença da fotógrafa de famílias Angélica Marques, dona de um olhar incrível, cuja fotografia desafia muitos conceitos estéticos e técnicos ditos “normais”.

1º dia:

Passamos do começo da tarde até o cair da noite fotografando um casal de modelos em lugares incríveis, praticando, observando e absorvendo tudo o que tinha sido falado anteriormente e muito mais. Houveram intensas trocas de informações entre todos os participantes e acredito que cada um de nós pode aproveitar essa prática da melhor maneira possível, afinal, não é sempre que fotografamos o mesmo motivo por horas e horas junto com outros quase 20 fotógrafos.

Voltando para Rolante, houve uma pausa curta para um banho e logo em seguida começamos com a parte mais esperada do evento: a leitura de portifólio. Saímos todos da nossa zona de conforto e tentamos nos abrir para o Nei e a Angélica “meterem o pau” nas nossas fotos. Um a um, foto a foto, todas foram observadas e contempladas nos mínimos detalhes. O que parecia ser um bicho de 7 cabeças, foi desmascarado pela sensibilidade, simplicidade, delicadeza e carisma do Nei e da Angélica, que mesmo criticando tudo muito à fundo e falando tudo o que pensam, agiram muito alegremente e com grande respeito perante à todos. Nei e Angélica bateram na mesma tecla insistentemente, mostrando os erros mais comuns de todos, para que isso ficasse marcado em nossas cabeças.

Mais ou menos às 5:00 da manhã chegou a minha vez de mostrar meu portifólio, com um frio na barriga, por ter despertado tanta expectativa nas pessoas quando relatei minha trajetória de vida, minhas viagens e minha relação com a fotografia. Talvez possa me atrever a dizer que minhas fotos atenderam, ou até superaram as expectativas de muita gente presente. Confesso que fiquei bem confuso, pois estava aberto para ser “atacado” e criticado, mas não para ser elogiado. Nei e Angélica apontaram para muita “arte” intrínseca nas fotos e para um olhar bem diferenciado. Talvez pelo meu senso estético que se formou em 12 anos de viagens e moradas em diferentes países, talvez pelo fato de eu compor o meu olhar através de equipamentos diferentes dos utilizados pela massa, talvez pelas fotos de Light Painting, que impactam muito à primeira vista, não sei! Os erros estavam lá, e foram mostrados e discutidos, mas a ênfase foi nos pontos positivos e senti a certeza que estou trilhando o meu caminho da melhor forma possível.

2º dia:

Depois disso mal pude dormir: às 9:00 estávamos todos no estúdio prontos para o segundo dia, onde cada um pôde mostrar as 6 melhores fotos do dia anterior, no mesmo esquema de críticas e elogios do dia anterior. “Chutamos o balde” e todos, sem excessão, mostraram pelo menos um “Fotão”.

À tarde foi a vez da Aline Evelin, fotógrafa e diagramadora de álbuns do estúdio da Beth Esquinatti e Nei Bernardes, de mostrar o que sabe e de “chutar o balde”, esbanjando conhecimento sobre o tema diagramação de álbuns. Posso dizer que em quase duas horas com ela já tenha aprendido bastante, quem sabe um dia participar de um workshop dela!?

Houve um final emocionante onde o Nei nos contou o porquê dele fotografar casamentos, sua busca pelas fotos premiadas e seu respeito e comprometimento em produzir as fotos da família após a cerimônia. Não vou escrever aqui para não estragar essa surpresa tão especial para os próximos participantes.

Pós Workshop:

Após a entrega de certificados e fotos de despedida muitos permaneceram no estúdio, estilo “happy hour sem álcool”. La fora um vendaval, uma ameaça de um temporal e dentro de mim muita dúvida se eu pego o carro e encaro os 350 Km para casa, para minha esposa e meus filhos ou se vou para o hotel e fico mais uma noite.

Até que o Nei aparece e diz “chega mais!”  e fomos tomar mais uma cuia em sua casa, anexa ao estúdio. Desse momento foram mais algumas horas mágicas que se passaram como minutos na companhia de sua família, com muitas conversas sobre vida, morte, trajetórias, família, educação, futuro, arte e é claro fotografia também.

Saí de lá às 23:00, com uma deliciosa sopa de legumes na barriga, uma garrafa de suco de uva da região e, o mais importante, a certeza de ter conquistado um novo amigo: aliás 3, não é Beth e Pedro!? Na próxima eu levo uma guitarra elétrica para a gente arrepiar! 😉

A Volta:

Foi duro sair de Rolante, minha primeira viagem ao RS. O pior era encarar, com o cansaço que eu estava, os 350Km até em casa. Foi uma viagem bem fora da zona de conforto, com 5 paradas para dormir 15 minutos, uma delas sendo acordado por um bando de policiais carregando metralhadoras passando em volta do carro (nem me viram, mas a adrenalina foi ótima para dirigir mais de 1 hora!), uma topada com um cachorro que já estava morto na estrada e muito farol alto na cara. Cheguei em casa às 4:30 da manha amorosamente recebido pela minha esposa, que já quis saber das novidades e às 7:30 fui delicadamente acordado pela minha filha, que não desgrudou de mim por dias, de tanta saudade.

Obrigado ao Nei, Beth, Pedro, Aline e toda a equipe! Obrigado também a todos os participantes por dias tão especiais que dividimos! Obrigado à Deus e ao meu anjinho que me levou em segurança de volta para minha família!

2 Comments

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Keli Eckertreply
28 de junho de 2014 at 03:49

Felipe sua dedicação está refletida nestas lindas fotografias. Obrigada por compartilhar um pouquinho destes momentos incríveis através de seu blog.

Que Deus continue o guiando em todos os momentos.

ipe Carneiroreply
8 de julho de 2014 at 16:59
– In reply to: Keli Eckert

Obrigado Keli!
Espero que encontrem o cantinho dos sonhos de vcs. Aí podemos planejar algo juntos.
tudo de bom para vocês!

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